Projeto cria guitarra sustentável em Joinville

O som é de uma guitarra elétrica normal. A aparência – num olhar rápido – também, mas a guitarra desenvolvida pelo curso de Engenharia de Produção e Engenharia de Materiais da Sociesc (Sociedade Educacional de Santa Catarina) não tem nada de ordinário. No lugar do tradicional mogno o corpo da guitarra foi produzido com resina de PVC e fibra de bananeira.

Os pesquisadores da instituição estudam as propriedades da fibra de bananeira há mais de uma década. A fibra, que é retirada do tronco da planta, é mais resistente do que outras fibras naturais. No projeto da guitarra, o material entra em substituição ao uso da fibra de vidro.

A combinação da resina e do material natural surpreendeu os pesquisadores. A quantidade de fibra utilizada influencia na qualidade da acústica da guitarra. “Ao aumentar a quantidade de fibra, aumentamos a acústica. Também percebemos uma maior resistência a impactos”, explicou o designer Edemilson Correia. A construção da guitarra foi o resultado do projeto de graduação dele.

Para tirar o projeto da prancheta, Correia se aliou a engenheira de plásticos Jaqueline Geier. Ela estudou os compostos da resina e a sua aplicação em conjunto com a fibra de bananeira. “Uma das dificuldades foi moldar a fibra na resina, pois ela não é maleável”, comentou a engenheira. Foi um ano de pesquisa.

Em torno de 20% e 30% da composição da guitarra é de fibra de bananeira. “Conseguimos manter as propriedades do mogno: resistência mecânica, impacto e acústica. Não conseguiríamos o mesmo resultado acústico só com a resina”, afirmou a professora e pesquisadora Palova Santos Balzer. No protótipo os pesquisadores usaram a fibra e a resina em estado natural, mas é possível aplicar pigmentos ou gel para conseguir outras cores.

Além da aparência diferenciada e da qualidade acústica, a guitarra produzida na Sociesc pode ser um produto sustentável. Ao contrário das resinas de poliéster insaturado a fibra natural é reciclável. “Acredita-se que o composto natural possa diminuir o tempo de decomposição dos produtos”, afirmou a professora. O uso da fibra também poderá reduzir o preço da guitarra, uma vez que o mogno representa 50% do custo de produção.

* Reportagem de Aline Machado Parodi e Fabrício Porto originalmente publicada no jornal Notícias do Dia.

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