Panetone’s Christmas Songs
Duas coisas dispensáveis no mundo: panetone e CD de natal. O primeiro não serve como alimento. O segundo não serve como música. Os dois servem apenas como presente para aquele parente chato que só aparece no fim do ano. E isso não será visto como exemplo de estima e consideração, principalmente pelo parente chato. Ainda mais se ele já tiver na estante uma coleção de 17 CDs de natal (oito repetidos). Nesse caso, ele certamente é o parente mais chato da família nas últimas duas gerações. E merece meia dúzia de panetones para comemorar.
O ódio aos panetones e aos álbuns natalinos tem justificativa. E simples. O panetone é uma esponja em forma de bolo. Esponja seca e com gosto de plástico. Antes desse para lavar a louça: já teria uma utilidade. E os álbuns de natal? Bem, aí há uma ode à redundância, aos clichês e às reflexões mecanizadas. Não há nada de novo num CD natalino. São todos iguais, só muda autor e gravadora. Regravações, reinterpretações, rearranjos, revisitas à Belém vestem com roupa repetida músicas de letras previsíveis em ritmo de trenó quebrado. Mas tudo com a pretensão de reinventar a manjedoura, atualizar a chegada do Menino, transportar os ouvintes ao primeiro natal, relembrar uma noite fria e iluminada e propor a clássica reflexão sobre o verdadeiro sentido do natal. Nesta viagem imaginária ao Nascimento, duas cenas assustam: o menino Jesus comendo panetone e os magos presenteando coletâneas de natal (Incense Collection, Gold Collection e Myrrah Collection).
Sim, essas cenas seriam impossíveis. Mas como é possível o cidadão que trabalhou o ano todo, entrar num mercado, gastar o dinheiro ganho com muitas dificuldades e sair com caixas e caixas de panetones? Ou o sujeito vai castigar muitos parentes ou é um dono de empresa comprando os brindes da cesta de natal para os funcionários. Não me julgue mal, mas panetone e CD de natal são os itens que ficam em promoção até a Páscoa. Aliás, os CDs ficam em promoção o ano inteiro e ninguém compra, mas em dezembro dobram o preço e vendem muito bem. Como explicar? Freud deve explicar. Você já viu alguém passando de carro com uma música de natal no último volume? Não vale a Kombi do salgadinho ou o carro do picolé. A verdade é que ninguém ouve por vontade própria um CD de natal, estando o sujeito no uso regular das faculdades mentais. Ouve por conta de terceiros, por causa daquele programa de rádio, pela propaganda na TV, por aquele vizinho que banca o religioso em épocas de natal ou por causa daquela tia que adora versões natalinas, mesmo das músicas que já são natalinas.
Você pode até estar livre de comprar panetone ou CD de natal. Talvez até livre de comer um e ouvir o outro. A questão é: você nunca estará livre de ganhar qualquer um deles. Panetone e CD de natal são como sogra e cunhado: fazem parte da vida, mas é sempre castigo. É como ganhar aquela camisa e a sogra dizer: “Também trouxe esse panetone para você adoçar a vida”. Ou, o cunhado: “Cara, comprei esse tênis, e como sei que você gosta de música, também comprei esse CD de natal com diversos artistas”. Difícil mesmo é fazer cara de contente. No mais, depois do dia 25, um álbum natalino já não faz mais sentido e o rumo certo é o fundo da última gaveta da estante. E o panetone... Bem, sempre existe um sobrinho que come de tudo... Quer dizer, ainda não inventaram um que coma CD de natal.
O ódio aos panetones e aos álbuns natalinos tem justificativa. E simples. O panetone é uma esponja em forma de bolo. Esponja seca e com gosto de plástico. Antes desse para lavar a louça: já teria uma utilidade. E os álbuns de natal? Bem, aí há uma ode à redundância, aos clichês e às reflexões mecanizadas. Não há nada de novo num CD natalino. São todos iguais, só muda autor e gravadora. Regravações, reinterpretações, rearranjos, revisitas à Belém vestem com roupa repetida músicas de letras previsíveis em ritmo de trenó quebrado. Mas tudo com a pretensão de reinventar a manjedoura, atualizar a chegada do Menino, transportar os ouvintes ao primeiro natal, relembrar uma noite fria e iluminada e propor a clássica reflexão sobre o verdadeiro sentido do natal. Nesta viagem imaginária ao Nascimento, duas cenas assustam: o menino Jesus comendo panetone e os magos presenteando coletâneas de natal (Incense Collection, Gold Collection e Myrrah Collection).
Sim, essas cenas seriam impossíveis. Mas como é possível o cidadão que trabalhou o ano todo, entrar num mercado, gastar o dinheiro ganho com muitas dificuldades e sair com caixas e caixas de panetones? Ou o sujeito vai castigar muitos parentes ou é um dono de empresa comprando os brindes da cesta de natal para os funcionários. Não me julgue mal, mas panetone e CD de natal são os itens que ficam em promoção até a Páscoa. Aliás, os CDs ficam em promoção o ano inteiro e ninguém compra, mas em dezembro dobram o preço e vendem muito bem. Como explicar? Freud deve explicar. Você já viu alguém passando de carro com uma música de natal no último volume? Não vale a Kombi do salgadinho ou o carro do picolé. A verdade é que ninguém ouve por vontade própria um CD de natal, estando o sujeito no uso regular das faculdades mentais. Ouve por conta de terceiros, por causa daquele programa de rádio, pela propaganda na TV, por aquele vizinho que banca o religioso em épocas de natal ou por causa daquela tia que adora versões natalinas, mesmo das músicas que já são natalinas.
Você pode até estar livre de comprar panetone ou CD de natal. Talvez até livre de comer um e ouvir o outro. A questão é: você nunca estará livre de ganhar qualquer um deles. Panetone e CD de natal são como sogra e cunhado: fazem parte da vida, mas é sempre castigo. É como ganhar aquela camisa e a sogra dizer: “Também trouxe esse panetone para você adoçar a vida”. Ou, o cunhado: “Cara, comprei esse tênis, e como sei que você gosta de música, também comprei esse CD de natal com diversos artistas”. Difícil mesmo é fazer cara de contente. No mais, depois do dia 25, um álbum natalino já não faz mais sentido e o rumo certo é o fundo da última gaveta da estante. E o panetone... Bem, sempre existe um sobrinho que come de tudo... Quer dizer, ainda não inventaram um que coma CD de natal.
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