sexta-feira, 17 de julho de 2009

Elas são roqueiras!

O rock com voz feminina tem charme, elegância e sutileza. Ganha mais força atrativa, maior poder de provocação, maior relevância e uma carga a mais de rebeldia. Afinal, o território roqueiro nasceu com o estigma de ser para caras durões, de cabelos compridos, roupas estranhas, vocabulário de palavrões e comportamentos rudes. Uma mulher roqueira é alguém quebrando regras num espaço acostumado a quebrar regras dos outros. É a rebeldia dentro da rebeldia, a provocação dentro da provocação, um grito dentro do outro. Uma soma realmente interessante. O aspecto metálico, industrial, frio e barulhento do rock ganha com a presença da mulher ao lado de guitarras, baterias e contrabaixos, uma beleza peculiar, uma vivacidade que contrapõe-se aos cinzas comuns nos palcos roqueiros. O rock ganha alma, sensibilidade e, o que me parece melhor, ganha incompreensão. A mesma incompreensão que os homens têm em relação às mulheres.

No entanto, isso é um não-compreender do tipo “bom”, ou seja, do tipo que instiga a procura, a descoberta e a tentativa de conhecer. O mistério só existe pra ser revelado por aquele que se anima na empreitada de decifrá-lo. O rock, tal qual a mulher, é algo complicado de se entender completamente, com a história já provou. E uma mulher fazendo rock é como misturar duas incompreensões. Uma incompreensão dentro da outra. Duas incompreensões a nos fascinar. Está aí toda a beleza em ver (ou ouvir) uma mulher cantar: aquela beleza que nos faz amar coisas que não entendemos. Se mulher é mistério e música é matemática, roqueiras são equações musicais não resolvidas. É preciso ouvir pra descobrir. E o ouvir, já é, por si mesmo, um descobrir.

Duvide dos cabeludos de barba mal feita, fazendo pose de mau em trejeitos de gangster de algum bairro violento de Los Angeles. Duvide de suas rebeldias retas e da agressividade com guitarras de madeira. Duvide de suas roupas pretas e de seus acessórios metálicos. Duvide dos cabelos desarrumados e da voz estridente. Duvide das tatuagens escondidas sobre a camiseta. Duvide da inovação do som feito por eles. Duvide mais ainda se eles tiverem algum clipe rodando na MTV. Duvide deles, mas nunca duvide delas. Nunca duvide das roqueiras. Não duvide das guitarras que tocam nem das vozes que soltam pelo ar. Não duvide de seus cabelos desajeitadamente bem feitos, do figurino impecável, do olhar compenetrado. Acredite nas letras que cantam, assim como você acredita em Deus. Acredite no rock feminino, no rock que menstrua, no rock de fases. No rock que protesta, que clama, que reclama, que critica, que agradece. Acredite neste rock que cheira bem e que não se esconde. Acredite e nunca duvide. Acredite nas roqueiras, mas nunca diga isso para elas. Não sabem o poder que tem. Ou fingem não saber. Elas sempre são boas no que fazem.

Ouça. Descubra. Acredite.


1. Leigh Nash (vocalista da banda Sixpence None The Richer)
2. Lacey Mosley (vocalista da banda Flyleaf)
3. Rebecca St. James (cantora)
4. Dawn Richardson (vocalista da banda Fireflight)
5. Mia Richards (vocalista e baixista da banda Gretchen)
6. Alyssa Barlow, Becca Barlow e Lauren Barlow (as irmãs do grupo Barlow Girl)
7. Tricia Brock (vocalista da banda Superchick)
8. Johanna Aaltonen (vocalista da banda HB)
9. Tiffany Arbuckle “Plumb” (cantora)
10. Krystal Meyers (cantora e guitarrista)

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